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Imagem by Nina G https://flic.kr/p/bia3dM

Existe a proeminência do pensamento, não somente binário, como também ignorante, de que as construções de gênero “mulher sexo frágil” e “homem não chora”, nos levam a uma ideia de que talvez esses pontos sejam intrínsecos a cada indivíduo, levando em consideração somente a identificação de gênero (no caso da sociedade cisnormativa, de acordo com seu genital).

Essa naturalização dos signos, baseado nos gêneros, é o motivo pelo qual a masculinidade hegemônica é tão frágil e se estrutura de forma violenta. Afinal, a necessidade de sustentar essa performática de homem viril, forte e heterossexual, já nos permite compreender que ela não seja algo natural.

Se a quebra dessa dicotomia para os homens cisgêneros já é motivo de negação de seu gênero, imagine para nós, homens trans, que a todo tempo temos que nos afirmar como homens na sociedade. E essa negação de gênero esbarra no machismo de forma quase absoluta, já que qualquer coisa que encoste nos signos ditos femininos é tido como algo inferior e passível de agressão.

Pensando em como essa performática se constrói, podemos compreender as limitações, principalmente nas construções masculinas, de exploração do próprio corpo (e não estou colocando apenas no âmbito sexual). O engessamento nos trejeitos é tão brutal que me faz pensar que o termo performática lhe cabe completamente. Afinal, atuar dentro de determinadas regras nos torna meramente atores num show cisgênero.

O grande problema é que, não somente a sociedade nos cobra essa performática absoluta, mas também pessoas que trabalham com transexuais (digo isso especificamente sobre o SUS, onde percebo as maiores violências) e que, por obterem o poder de determinar se somos ou não quem somos, acabam nos negando nossa própria identidade.

Compreender que as masculinidades são múltiplas e que nenhuma se enquadra em “menos homem” pode nos levar a uma construção da mesma sem violências. Afinal, ficar engessado em espectros e cobrar isso das pessoas é o que torna a sociedade binária (dentro da cisnormatividade) e machista.

Precisamos falar sobre masculinidades.

Eduardo Matheus
Eduardo Matheus
Eduardo Matheus, 26 anos, paulista ,trans ativista e comunista.

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