Eu sou, Intersexo.
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Como o desmonte do CLT afeta as travestis brasileiras?
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Um comentário e um convite, foi assim que nasceu o Transdvocate Brasil. Em março deste ano num post do meu perfil no facebook sobre a questão trans e intersex, um amigo intersexo e transexual- Mo Corelli – citou Cristan Williams, uma das editoras do Transadvocate.com. .Chamei-a para o chat e conversamos longamente sobre o assunto. Como militante das causas trans e intersexo, fiquei feliz quando ela mencionou o site, sua forma investigativa, e que o site era intersex friendly. Ao fim do papo, comentou também que tinha o desejo de lançar uma versão brasileira do site americano, mas que ainda não tinha encontrado alguém que tivesse coragem de topar a ideia.

Desde março, estamos na luta e no sonho de tornar o Transadvocate Brasil uma realidade. Apesar do tom do site americano ser voltado à investigação de fatos acerca de grupos que perseguem e oprimem pessoas trans, nossa versão tem o desejo de dar voz a comunidade trans e intersexo do Brasil. Somos o país que mais mata transexuais no mundo e o país que atualmente só tem um veículo independente que traga notícias direcionadas a nossa população. Neto Lucon tem feito um trabalho enorme em favor das pessoas trans deste país, seu pioneirismo e sua coragem devem ser aplaudidos, e nós nos colocamos a disposição para trabalharmos como parceiros em prol dos invisíveis da população LGBTI+.Queremos dar espaço de voz a quem é frequentemente silenciade.

Nossa proposta é trazer a escrita trans para a vitrine da internet, valorizando os bons textos sobre os mais diversos assuntos que abordem a realidade brasileira através do olhar invisível. Nosso desejo é empoderar nossa comunidade e nos tornamos referência em termo de mídia. Queremos falar de cultura, esporte, política, sexo, investigar fatos veiculados na mídia sobre pessoas trans e principalmente abrir as portas para uma mídia informativa, pungente, instigante e real. Sim, porque temos muitos talentos entre nós e não só nestes últimos 15 anos que a causa trans começa a ser apresentada e conhecida no Brasil, mas muito antes, por exemplo, os livros produzidos por João Nery e autores trans que precisamos descobrir.

Em nossa estréia, começamos com dois textos de Beatriz Pagliarini Bagagli abordando a circulação de informações trans na internet e o avanço do conservadorismo no ambiente escolar que, segundo o Estado Brasileiro, não deve ser espaço para o debate sobre gênero e sexualidade. Além disso, temos também Caia Coelho falando sobre o desmonte da CLT, num país que para mulheres trans e travestis tem como espaço alijado a prostituição. Queremos ocupar todas as profissões, mas como podemos fazer isso num momento em que somos vituperados por um governo ilegítimo que acredita que a população precisa trabalhar mais para obter direitos que há mais de 50 anos foi garantido pelas leis trabalhistas, sem esquecer das mudanças causadas pela reforma da previdência que afetará nossa população e o momento de descanso após tanto tempo de trabalho e contribuição pagos?

Por fim e alegremente apresento um de meus primeiros textos sobre a questão da intersexualidade, assunto invisível que precisa ser conhecido e debatido.

Nosso compromisso é trazer a luz as questões que mais incomodam nossa sociedade, como o poder médico que afeta corpos intersexo e trans, além da necessidade de discutir o processo transexualizador e sua impotência ao tentar protocolar nossas identidades para além dos nossos corpos e vivências.

Somos muito mais do que corpos e genitais, somos identidades que precisam ser reconhecidas e retiradas dos workshops, consultórios e salas de espera, e trazidas para o chão da vida, numa conversa franca e realista sobre o que somos e o que queremos. Mais do que uma visão sobre a sociedade que precisamos, queremos usar este espaço para tornar nosso olhar social público e notório, sobre nós e sobre tudo que está ao nosso redor.

ESTE ESPAÇO FALA SOBRE VIDAS QUE IMPORTAM.

E assim, convidamos você a ler nossos textos semanais, compartilhando com quem desejar, além do convite à população trans que já tenha material produzido e queira utilizar nosso espaço como colunista semanal ou quinzenal, entre em contato e faça parte de nosso time.

Sejam todes bem-vindes.

Amiel
Amiel
Intersexo, Sociólogo, Pesquisador. Pessoa em construção permanente.

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