Não apenas desconfiem, rejeitem e tripudiem o cis.tema
July 12, 2017
Sobre o vídeo da BBC Brasil com Alexya Salvador e comentários de internet
September 5, 2017

Por Tiko Arawak*

Sobre os mais recentes ataques transfóbicos direcionados à Casa Nem e à Indianara Siqueira, por parte dos ativistas da Casa Nuvem e também pela Executiva Municipal do PSOL Carioca.

Sabemos que a CasaNem é uma moradia que acolhe LGBTs em situação de vulnerabilidade social. Dá abrigo, alimentação, cursos profissionalizantes e promove eventos pra garantir os compromissos financeiros (aluguel, água, luz, gás, etc. – sim, as Nens têm compromisso com a reinserção social, mas sempre se espera que sejam clandestines, afinal seu lugar é na margem, neah?!) que garantem a viabilidade material do projeto.

Sabemos também que fica localizada no espaço onde antes era a Casa Nuvem. Que os Nuvens foram postos pra correr de lá depois do descaso transfóbico a uma pessoa trans em suas festas. Papo de agressão física, teve sangue no chão e os Nuvens optaram por seguir o baile, sequer o DJ parou de tocar pra fazer o agravamento. A condução posterior do caso tbm foi repleto de episódios de transfobia gritantes.

Sabemos inclusive que uma das Nuvens, Izabel, ressentida por ter perdido a casa dela pra uma travesti mais competente e mais coerente que ela, vem tocando desde o ano passado uma cruel campanha persecutória e difamatória contra a Indianara e a CasaNem. Porque ela cai, mas quer cair atirando. Esses ataques são tão covardes, que em plena disputa para vereadora, a Indi não só teve problemas internos em conduzir a campanha (CNPJ que não era reconhecido, ajuda mínima do Diretório, esforço MASTER da militância aguerrida com os corpos panfletos, etc.), mas também com o ataque das feministas radicais e ainda com mobilização dos Nuvens, tocada pela Izabel. Eu mesmo cheguei a receber inbox dela na época, chorando pitangas e atacando descaradamente a Indianara. E mesmo assim, nem o PSOL, nem a Izabel, e nem as rads podiam esperar a gloriosa votação que a Indi recebeu. Ela desbancou candidaturas mais estruturadas, mais experientes, até de quadros do Diretório Municipal e chegou à condição de vereadora suplente. Teve amplo espectro de votação. LGBTs de Direita, da Diversidade Tucana, anunciaram voto nela. Black Blocs, embora anarquistas, chegaram até a indicar em suas páginas o voto nela. Indi contempla por um lado, e por isso, incomoda de outro. E incomoda muito, pois expõe toda a contradição de quem tá no rolê apenas pra PARECER, incomoda porque mostra que é possível fazer de outra forma, mais legítima, mais verdadeira e mais ética.

Pois bem, alegando ser também filiada ao partido, Izabel procurou as instâncias internas do Diretório Municipal e mais uma vez impôs sua campanha mentirosa e difamatória. Alegou uma série de supostos crimes e dívidas. Alguns podem chamar de “agravamento”. Eu só consigo pensar em chantagem, mesmo.

O Diretório Municipal, através de sua Executiva procurou as duas, Indianara se manifestou e recentemente essa Executiva deu o retorno de sua decisão a ambas as partes: sugeriu através de e-mail a Indianara que pagasse a suposta dívida de quase 60 mil reais que Izabel alega que existe, ou que entregasse de volta a Casa.

Nenhuma palavra em preocupação com as pessoas que a CasaNem acolhe. Uma única linha sequer que indicasse perspectiva de futuro a essas pessoas. Preciso lembrar que a Nem acolhe mais de 20 pessoas atualmente e que essas pessoas se encontravam em extrema vulnerabilidade social antes de serem acolhidas? Preciso lembrar que estamos em plena campanha de arrecadação de mantimentos pra continuar tocando os projetos da Casa? Vocês acolherão essas pessoas em suas “salas de jantar” de suas casas confortáveis na Zona Sul? Encaminharão essas pessoas pra que resgatem a 2ª via de seus documentos? As ensinarão a ler e se preparar pro vestibular, de acordo com cada necessidade? Darão um teto? Comida? Banho? Vestimentas e calçados? Porque Indianara fez tudo isso.

Era de CISperar.

Só que tem alguns pontos que são bastante graves nesse rolê.

Não cabe a uma instância partidária, do ponto de vista político, pautar os movimentos sociais. Como se organizam, quando e por quê. Isso seria uma inversão de valores. Era como se o PSOL Carioca chegasse pro MTST ou pra Aldeia Maracanã e “sugerisse” que entregassem suas ocupações urbanas pros proprietários, na melhor boa vontade legalista de sempre. Eles têm coragem de fazer isso? Com transvestigêneres, tem. Então o poste vem mijar no cachorro.

Não cabe a essa mesma instância política, do ponto de vista jurídico, arbitrar essa questão. Bastava que se posicionasse pra ambas as partes comunicando que as vias judiciais seriam a arena pra essa disputa, que não cabe ao partido decidir sobre dívida (ainda que ela exista, de fato) de nenhum de seus filiados, ainda que a outro filiado. Mas parece que resolveu deixar de lado o enfrentamento político e acatar à chantagem transfóbica. E isso eu acho muito, muito grave.

Não cabe sugestão alguma ou agravamento algum por parte da Executiva Municipal do PSOL Carioca. Não cabe, inclusive, descredenciar o nome e a luta da Indianara em e-mail destinado às duas (Indi e Izabel), informando essa “decisão” e “sugerindo” essas duas opções. Entregar a CasaNem não é e nem será uma opção. Está fora de debate, essa questão.

Ainda que o PSOL apoiasse de forma material, política ou ideológica (coisa que não faz) a CasaNem, ainda assim, não cabe ao partido pautar sua luta. Cabe sim, à CasaNem e a qualquer movimento social comprometido de fato e de direito, em tese e na prática, pautar a atuação do PSOL. Não podemos e não vamos aceitar essa inversão total de papéis.

Ao se prestar a esse desserviço, o Diretório Municipal extrapola completamente suas funções e atribuições legais, regimentares, éticas, morais e políticas. E nos coloca a todes, militantes filiades em uma situação tensa, desconfortável, delicada e muito, muito grave. Pois temos compromisso de honra e transparência não apenas com nossos mais de 6 mil eleitores (é muito chato ter que apelar pra “moeda de troca” que vocês entendem, no linguajar raso, pra ficar evidente), mas também com nosses companheires de luta de várias frentes dos mais variados espectros, que também militamos. E que nos cobram providências imediatas, sob o risco de colocar todo nosso esforço de anos a se perder em comportamentos arbitrários, desproporcionais e covardes de silenciamento, burocratismo e contradição ideológica.

Saudades do partido que tensionou pela primeira vez a luta das LGBTs em debate presidencial. Saudades do partido que se quer e se diz o lugar onde “as bi, as gay, as trava e as sapatão se reúnem pra organizar a revolução”. Saudades da época em que acreditamos que ter um candidato LGBT no Congresso seria a glória e a redenção pro movimento. Eu juro que acreditava em tudo isso, até agora. Porque só o que consigo ver, nesse momento, é o partido se mobilizar pra endossar a perseguição a um grupo que já é social e historicamente excluído, marginalizado, expulso e abandonado. Não só pelo Estado, como também pelas suas famílias. E agora, também, pelo partido que acreditavam que iria defendê-las.

Quando o PSOL precisou de ajuda e apoio, sempre nos colocamos lado a lado. Recebemos de braços abertos não só Marcelo Freixo, mas sua candidata a co-prefeita, Luciana Boiteux. Em 06/02/2017, mais recentemente, marcamos firme posição junto a toda militância convocada pra defender o mandato de Jean Wyllys, no Clube Municipal, na Tijuca. Quando confrontada, em plena campanha pela vereança, se não temia uma disputa desnecessária de votos entre LGBTs e mulheres, Indianara pegou o microfone e disse que não havia concorrência. Que caso fosse eleita, precisaria de Marielle Franco, David Michael Miranda e Tarcísio Motta, todes eleites. Juntes. Sem rivalidade. Apenas coletividade. A impressão que nos dá, a essa altura, é que a CasaNem é um ótimo Comitê de Campanha. E só. Oras, não é junto aos movimentos sociais que reside nosso compromisso? Não é nossa tarefa comum vencer as práticas da Velha Política e da lógica eleitoreira, tão endêmicas, tão nossas, e que nos fizeram chegar até esse índice alarmante de rechaço e descrédito à política institucional por parte da imensa maioria da população? Não é isso que faz do PSOL um partido único, necessário, diferente de todas as demais legendas? Lembrem-se disso, de nosso compromisso militante. Das linhas que compõem o Estatuto partidário que nos une. Não quero acreditar que o PSOL vá se colocar lado a lado com quem humilha, ataca, mente, descredencia e se aproveita de forma covarde e desproporcional de quem faz um trabalho de indiscutível relevância pra nossa sociedade e luta contra machismo, racismo e LGBTfobia todos os dias. E não apenas de dois em dis anos, em cada mudança de pleito.

Ainda não fui presencialmente ao Diretório solicitar explicações do contexto. Ainda quero ouvir detalhes da Indi e deles. Da Izabel e dos Nuvens eu quero apenas distância. Que peguem o dinheiro que conseguiram arrecadar até hoje com seus golpes e vão gastar bem longe, na Europa, de onde Izabel não devia ter voltado. Porque enquanto ela tava lá, as Nens continuam tentando garantir a viabilidade material da Casa e ampliar sua abrangência.

Fizeram isso até hoje sem Izabel e sem nenhum apoio do PSOL, a não ser da militância. E continuarão fazendo, porque a Revolução será transvestigênere também, ou não será.

Medo? Não temos, não. Se tivermos que pedir desfiliação ou amargar uma desfiliação compulsória, mesmo que por infidelidade programática, que assim seja. Continuaremos fazendo o mesmo que fizemos até hoje. Permanecer do lado da LUTA e da RESISTÊNCIA.

A margem já é nosso lugar comum. Nossa casa. Onde encontramos afeto, apoio e solidariedade. Lembramos todo dia quem somos e de onde viemos. Novidade alguma esse tratamento de cidadania secundária, ou seu reforço. Estamos acostumades, já.

Das ruas e da CasaNem não saímos. Ninguém nos tira. E nem o PSOL.

RESPEITO. Às manas, às minas, às monas e aos manos de luta. É o que exigimos. Respeitem nossa vereadora suplente, seu histórico e sua luta!

“De que lado você samba?
Você samba de que lado?”
Cantei antes, COM vocês, e hoje me vejo na dolorosa tarefa de ter que cantar novamente, agora PARA vocês.

#CasaNemCasaVIVA!!!

Tiko é militante de área na Psicologia, Ativista da causa LGBTT e defensor da Universidade Indígena Aldeia Maracanã

Amiel
Amiel
Intersexo, Sociólogo, Pesquisador. Pessoa em construção permanente.

5 Comments

  1. Janaina Lima says:

    PSOL Transfóbico, Tô Branca, Vereadora Indianara Siqueira conte com meu apoio!

  2. Eduardo Bonito says:

    Coloco aqui respeitosamente a resposta de Isabel, citada no texto
    publicado na TransAdvocate Brasil, que diz que “nasceu para dar voz e promover a questão trans em um novo ambiente de mídia. O TransAdvocate é notícia investigativa e comentada com pés no chão na perspectiva trans. O que nos diferencia é o compromisso com a publicação de textos contextuais embasado em investigação própria. Em outras palavras não reproduzimos as notícias de outras fontes de mídia, mas relatamos sua descoberta através de trabalho de investigação e verificação de fatos.”

    Ao que me parece não foi feita muita verificação dos fatos…

    Minha resposta a Tiko Arawak à sua denuncia “Sobre os mais recentes ataques transfóbicos direcionados à Casa Nem e à Indianara Siqueira, por parte dos ativistas da Casa Nuvem e também pela Executiva Municipal do PSOL Carioca” por Isabel Ferreira.
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    TIKO
    “Sabemos que a CasaNem é uma moradia que acolhe LGBTs em situação de vulnerabilidade social. Dá abrigo, alimentação, cursos profissionalizantes e promove eventos pra garantir os compromissos financeiros (aluguel, água, luz, gás, etc. – sim, as Nens têm compromisso com a reinserção social, mas sempre se espera que sejam clandestines, afinal seu lugar é na margem, neah?!) que garantem a viabilidade material do projeto.”
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    ISA
    Sabemos que temos esta web onde colocamos o dossier de como a Nuvem “virou”Nem, e outros documentos que podem ajudar a esclarecer os fatos. https://isabelzarzuela.wixsite.com/dossiergolpenuvem
    Sabemos que @IndianaraAlvesSiqueira, que foi durante um ano e meio associada da Nuvem, deu golpe e invadiu o nosso espaço no dia 26 de fevereiro de 2016 para fazer seu projeto Casa Nem. Ver todos os detalhes no dossier.
    Sabemos que o contrato de aluguel da casa invadida pela Casa Nem está, ainda hoje, no nome das duas pessoas da nuvem que assinaram o contrato quando a gente alugou a casa em dezembro de 2012.
    Sabemos que a Nem faz muitos eventos sim, mas também sabemos que com esses eventos não pagaram nem agua, nem luz, nem gas, nem o aluguel (desde janeiro). Se pagaram é só apresentar os comprovantes.
    Sabemos que a dívida gerada pela Nem no nome dessas duas pessoas da Nuvem está hoje em aprox. 57.000 reais, uma dívida que cresce em uns 300 reais a cada dia que passa, pelos juros que vão se acumulando.
    Sabemos que essas duas pessoas que tem o nome ainda preso no contrato são responsáveis por todo o que vier acontecer na Nem.
    Sabemos que essas duas pessoas, são dois jovens, sem nenhuma propriedade, com trabalhos de baixa remuneração e que, como quase todo mundo hoje no Rio, lutam por poder chegar a fim de mês.
    Sabemos que essas duas pessoas, e os dois fiadores, estão sendo processados pelos donos que reclamam os pagamentos atrasados, mais os custos judiciais, e a entrega do imóvel.
    Sabemos que a Casa Nuvem não pode entregar o imóvel porque ele está ocupado pela Nem.
    Sabemos que, em vez de buscar um espaço próprio para seu projeto NEM, Indianara invadiu a nossa casa construída com muito esforço e carinho por muitas pessoas ao longo do tempo. Sabemos que destruindo nosso espaço destruiu os muitos projetos que lá aconteciam (um dos projetos, alias, era o Prepara Nem nas segundas feiras desde agosto de 2015 ate a invasão).
    Sabemos que após o golpe, Indianara prometeu que passaria o contrato ao seu nome ate dia 5 de maio de 2016. Sabemos que ainda não passou nem nunca teve intenções de passar.
    Sabemos que ninguém da Nuvem coloca em dúvida a necessidade urgente de que pessoas trans, e, em geral, qualquer coletivo vulnerável a violência, tenha espaços próprios e seguros. Deveria haver muitas Casas Nem. O problema central é: por que parasitar, roubar de maneira desonesta um espaço coletivo, e ferrar as vidas de outras pessoas, em vez de buscar um espaço próprio?
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    TIKO
    Sabemos também que fica localizada no espaço onde antes era a Casa Nuvem. Que os Nuvens foram postos pra correr de lá depois do descaso transfóbico a uma pessoa trans em suas festas. Papo de agressão física, teve sangue no chão e os Nuvens optaram por seguir o baile, sequer o DJ parou de tocar pra fazer o agravamento. A condução posterior do caso tbm foi repleto de episódios de transfobia gritantes.
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    ISA
    Sabemos que a transfobia foi usada de maneira banal e desonesta para justificar o injustificável, o roubo de um espaço que estava sendo usado por pessoas que nunca fizeram nenhum mal a ninguém.
    Sabemos que essa “agressão física” foi uma farsa, uma briga que foi usada de escusa para nos atacar com a campanha de boicote “Sangue nas Nuvens”. Todo está explicado com detalhes na página 11 do dossier que fiz e que se encontra descarregavel na página web.
    Sabemos que no momento do golpe, a gente ficou em choque, num abalo profundo sem saber como agir. Mas seguramos a dor e a raiva e acabamos entregando a casa:
    1. por ter certeza de que Indianara nunca “soltaria o osso”, os boicotes, escrachos e difamações continuariam ate inviabilizar completamente o projeto Nuvem.
    2. por medo da truculência policial de um desalojo das mulheres trans que começaram a morar lá e que imaginávamos seria violento.
    3. porque as pessoas da Nuvem muito naivemente confiaram na palavra de Indianara que falou que assumiria o contrato e pagaria as contas.
    Por tanto, a gente DEIXOU a nossa própria casa ser invadida, não ligou à policia. Fomos muito otários e nos fodemos… até hoje.
    Não sabemos quais foram os episódios gritantes de transfobia que vc menciona, mas seria bom conhecer. Quando vc puder por favor nos informe dos detalhes. Podem publicar por exemplo todo o “monte de mensagens de agressões na Nuvem” que indianara fala que recebeu na época do golpe por inbox. Para garantir o anonimato ocultem os nomes. Ficamos no aguardo.
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    TIKO
    Sabemos inclusive que uma das Nuvens, Izabel, ressentida por ter perdido a casa dela pra uma travesti mais competente e mais coerente que ela, vem tocando desde o ano passado uma cruel campanha persecutória e difamatória contra a Indianara e a CasaNem. Porque ela cai, mas quer cair atirando.
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    ISA
    Olha, no momento do golpe e nos meses posteriores eu, e a maioria de nós, ficamos tão abalados que nem conseguimos falar. As vezes que tentei me defender publicamente dos ataques pesados e violentos da tropa de choque de Indianara, tive ataques de pânico, uma experiência nova para mim. Me contaram que, na época, alguma estúpida académica falou de mim como a “Madame Rivotril” da Nuvem. Pois é, foi o Rivotril e outras medicações que me ajudaram a poder aturar a tortura de ficar calada, só que, como você pode ver, faz algum tempo que não estou precisando
    Difamação é fabricar fatos e falar mentiras para prejudicar a reputação de uma pessoa. A difamação se baseia em rumores e fofocas, nunca há provas.
    Falar dos fatos que nos levaram a ter que entregar a nossa casa, os nossos sonhos, nossos projetos; denunciar as coações e ameaças; denunciar o roubo dos nossos pertences que ainda continuam lá; informar da nossa situação e pressionar por todas as vias para que esta se resolva e sejamos finalmente liberados de um espaço que está sob a nossa responsabilidade, mas não sob nosso controle, e se defender da difamação com provas documentais, não é difamação, é simplesmente direito de autodefesa.
    Nunca jamais falei nada que não pudesse comprovar. Sei, por exemplo, que as festas que se organizavam na Casa Nuvem eram para cobrir os gastos de manutenção da casa. Sei que nas inúmeras festas que indianara organizou no ano e meio que foi parte da Nuvem, nunca houve lucro. Nada, zero. Sempre pensei que o mais provável é que Indianara ficasse com esse lucro, fosse pouco o muito, mas nunca comentei isso, nem sequer com as pessoas da Nuvem. Além demais pensava que tudo bem, que essa grana ajudaria ela na manutenção do seu ativismos. E não estou sendo irónica. Então, desse fato eu não tenho provas, pode ser que, realmente, em nenhuma das vinte ou trinta ou sei lá quantas festas organizadas por Indianara nesse ano e meio, houvesse zero lucro, por tanto, nunca usei esse fato publicamente… ate agora. Isso tudo para dizer que há muitas mais historias que falam do caráter de Indianara em relação ao acontecido na Nuvem, e em outros lugares, mas que não são faladas porque, ou não há provas documentais, ou foram contadas por terceiras pessoas. Se o nosso objetivo fosse difamar, este textão teria o dobro de tamanho. Acredite.
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    TIKO
    Esses ataques são tão covardes, que em plena disputa para vereadora, a Indi não só teve problemas internos em conduzir a campanha (CNPJ que não era reconhecido, ajuda mínima do Diretório, esforço MASTER da militância aguerrida com os corpos panfletos, etc.), mas também com o ataque das feministas radicais e ainda com mobilização dos Nuvens, tocada pela Izabel.
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    ISA
    Indianara invadiu a Nuvem porque sabia que a gente não chamaria a polícia, nós, a galera otária do “amor purpurinado”. Isso SIM é COVARDIA.
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    TIKO
    Eu mesmo cheguei a receber inbox dela na época, chorando pitangas e atacando descaradamente a Indianara.
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    ISA
    Não te conheço pessoalmente. Busquei e não encontrei esse inbox, vc poderia mostrar?
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    TIKO
    E mesmo assim, nem o PSOL, nem a Izabel, e nem as rads podiam esperar a gloriosa votação que a Indi recebeu. Ela desbancou candidaturas mais estruturadas, mais experientes, até de quadros do Diretório Municipal e chegou à condição de vereadora suplente. Teve amplo espectro de votação. LGBTs de Direita, da Diversidade Tucana, anunciaram voto nela. Black Blocs, embora anarquistas, chegaram até a indicar em suas páginas o voto nela. Indi contempla por um lado, e por isso, incomoda de outro. E incomoda muito, pois expõe toda a contradição de quem tá no rolê apenas pra PARECER, incomoda porque mostra que é possível fazer de outra forma, mais legítima, mais verdadeira e mais ética.
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    ISA
    Indianara é uma das mulheres mais inteligentes, corajosas, articuladas e potentes que já conheci na minha vida. Muitas das nuvens teríamos votado nela se não fosse porque sofremos na própria pele sua falta de ética, coações, manipulação de fatos e pessoas, e suas violências. Sei que muitas pessoas não votaram nela quando descobriram que, aquela que na campanha pregava por “um mundo mais humano” respondia aos nossos posts do #liberanuvem com ameaças de morte e mentiras que, de tão descaradas, resultavam ridículas para qualquer pessoa que tivesse um mínimo de bom senso. Não é a toa, que ela tenha deletado todos esses posts. Mas muitos deles foram printados e podem ser vistos seguindo o hashtag.
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    TIKO
    Pois bem, alegando ser também filiada ao partido, Izabel procurou as instâncias internas do Diretório Municipal e mais uma vez impôs sua campanha mentirosa e difamatória. Alegou uma série de supostos crimes e dívidas. Alguns podem chamar de “agravamento”. Eu só consigo pensar em chantagem, mesmo.
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    ISA
    Em nenhum momento fui ao partido alegando ser filiada. A executiva do PSOL, de maneira, que acho pouco honesta e irresponsável, decidiu tratar o caso como se fosse um “atrito” entre duas filiadas do PSOL. Mas sempre deixei claro que esse não era o caso. Eu reclamei um posicionamento do PSOL em nome do coletivo, e especialmente das pessoas da Nuvem que temos nossos nomes presos no contrato de aluguel. Pode falar com qualquer pessoa da executiva, eles te confirmarão este fato.
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    TIKO
    O Diretório Municipal, através de sua Executiva procurou as duas, Indianara se manifestou e recentemente essa Executiva deu o retorno de sua decisão a ambas as partes: sugeriu através de e-mail a Indianara que pagasse a suposta dívida de quase 60 mil reais que Izabel alega que existe, ou que entregasse de volta a Casa.
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    TIKO
    A dívida não é “suposta”. A dívida gerada pela NEM no nosso nome é hoje de exatamente de 57.926,21 reais. Essa dívida pode ser comprovada entrando em contato com a imobiliária cujos dados e contatos passei por e-mail à executiva do PSOL.
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    TIKO
    Nenhuma palavra em preocupação com as pessoas que a CasaNem acolhe. Uma única linha sequer que indicasse perspectiva de futuro a essas pessoas. Preciso lembrar que a Nem acolhe mais de 20 pessoas atualmente e que essas pessoas se encontravam em extrema vulnerabilidade social antes de serem acolhidas? Preciso lembrar que estamos em plena campanha de arrecadação de mantimentos pra continuar tocando os projetos da Casa? Vocês acolherão essas pessoas em suas “salas de jantar” de suas casas confortáveis na Zona Sul? Encaminharão essas pessoas pra que resgatem a 2ª via de seus documentos? As ensinarão a ler e se preparar pro vestibular, de acordo com cada necessidade? Darão um teto? Comida? Banho? Vestimentas e calçados? Porque Indianara fez tudo isso.
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    ISA
    Vc fala que o PSOL não se preocupa com as pessoas que moram na Nem, mas a questão gritante é que, se Indianara e vocês REALMENTE se preocupassem por garantir a sustentabilidade e o futuro da Casa Nem, e das pessoas que lá habitam, teriam, faz tempo, se articulado conosco, com a imobiliária e com outras pessoas da sua ampla rede de apoios para assumir o contrato de aluguel!!!
    Em julho avisamos a indianara, e em outubro avisamos publicamente através da campanha #liberanuvem, que os donos iniciariam o processo de despejo em novembro ou dezembro. Avisamos que as pessoas que apoiavam a Nem deveriam se mobilizar rapidamente para assumir o contrato se queriam manter o espaço e o projeto.
    Nada foi feito. Alguém viu um post de Indianara, ou de vc, ou de alguém, fazendo um chamamento pedindo ajuda para articular um plano de ação que garantisse a sustentabilidade da casa Nem?
    Pessoas que a gente conhece e, com certeza outras, se ofereceram como fiadoras. Houve uma ex-nuvem que fez uma vakinha para pagar as dívidas da Nem acumuladas ate janeiro. Essa vakinha poderia ter sido continuada e virado recorrente. Vcs poderiam ter negociado um aluguel mais barato com os donos que sempre estiveram dispostos a flexibilizar os pagamentos e os requerimentos para assumir o contrato. Vcs nada fizeram.
    Não era suficiente ter roubado o nosso espaço, havia que nos forçar a aguantar durante todo este tempo esta situação injusta e ainda nos fazer arcar com os gastos que vcs geram.
    As pessoas da Nem, que nenhuma culpa tem nesta historia, vão ser tiradas da casa quando chegue a ordem de despejo. E as responsáveis serão vcs que nada fizeram.
    Nós desde um ano e meio deixamos muito claro que NAO QUEREMOS RECUPERAR A CASA, que a Nuvem já era, que o único que queremos é ser liberadas do espaço que ainda está sob a nossa responsabilidade.
    Avisamos vocês com meses de antecedência sobre o inicio de ação de despejo. Tentamos fazer mediação, acordos, facilitar o traspasso.
    A executiva do PSOL viu a documentação que mostra que da parte de vcs, só houve enganação, mentiras, prazos que vcs deram e nunca cumpriram porque nunca houve um interesse real em solucionar a situação.
    Vcs tem alguma documentação dirigida a nós, ou à imobiliária, ou a outras pessoas, que comprove que Indianara alguma vez fez algum tipo de articulação séria para assumir a responsabilidade da casa que a Nem usa? Vcs tem documentação de alguma resposta de Indianara aos requerimentos que nós fizemos para que assumissem a casa?. Se tiverem essa documentação que comprove que realmente vcs se preocuparam pelo futuro da Casa Nem, nos mostrem por favor.
    Fizemos tudo que podiamos para transferir a nossa própria casa àquelas que a invadiram!!!! Que vcs mais querem? Que ainda fiquemos caladas? A nossa consciência está bem tranquila.
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    TIKO
    Era de CISperar.
    Só que tem alguns pontos que são bastante graves nesse rolê.
    Não cabe a uma instância partidária, do ponto de vista político, pautar os movimentos sociais. Como se organizam, quando e por quê. Isso seria uma inversão de valores. Era como se o PSOL Carioca chegasse pro MTST ou pra Aldeia Maracanã e “sugerisse” que entregassem suas ocupações urbanas pros proprietários, na melhor boa vontade legalista de sempre. Eles têm coragem de fazer isso? Com transvestigêneres, tem. Então o poste vem mijar no cachorro.
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    ISA
    Duvido que o MST tenha invadido uma propriedade no nome de dois jovens, sem nenhum tipo de propriedade, e que nunca fizeram mal a ninguém.
    Duvido que o MST tenha invadido um espaço onde se realizavam centenas de eventos, atividades regulares abertas e gratuitas, aulas, etc.: o Panela atelier de dj para mulheres, grupo de teatro, o Prepara Nem, Atelier de Dissidências Criativas, Triciclo, Ciclocourier, projeto “Para meu amor passar” com as crianças da rua Morais e Vale, Sarau fotográfico, Monstra Nuvem de Cinema, atelieres de tecnhochmanismo, Nuvem Hub, projeto Radio Beco, projeto Café na Nuvem, projeto Koozinha, etc.
    Duvido que o MST tenha nunca invadido um espaço que era Ponto de Cultura Viva e lugar de encontro da galera LGBT do Rio, dos Pontos de cultura da rede estadual, do GTs Pesquisa Viva, encontros do Foro de Danza, encontros do grupo de Poliamor, dos cicloativistas, mediativistas, etc.
    Duvido que o MST tenha invadido um espaço onde se organizaram inúmeras ações: na CPI dos ónibus, Ocupa ônibus, Meu cú é laico, Minha Copa é na Rua, Kd Amarildo, e um longo, longo, longo etc.
    Para ter uma ideia do movimento que existia na Nuvem na época do golpe é só dar uma olhada na página 34 do dossier, aí tem a agenda da nossa assembleia de inicio do ano 2016. Um mês mais tarde, houve o golpe e todos esses projetos viraram poeira.
    Lendo teu texto me deu ate vontade de vomitar –literalmente –essas comparações absurdas que vc faz com o MST, é verdade que vc acredita nelas?
    Fui durante muito tempo parte muito ativa do movimento de ocupação da minha cidade. Ocupamos muitos espaços, a maioria deles institucionais. Jamais teria passado pela nossa imaginação ocupar um espaço que não estivesse vazio. A última ocupação, o Gaztetxe Euskal Jai, durou 15 anos e foi um projeto incrível que mobilizou fortemente a cidade. Quando cheguei no Rio senti muito a falta desse tipo de espaços na cidade e sempre tive o sonho de criar um espaço autónomo junto com outras pessoas. Desse desejo nasceu a Nuvem.
    Defender como uma ocupação legitima, um golpe/invasão que parasita e ferra a vida de outras pessoas que nada de mal fizeram para ninguém é algo que me produz muita vergonha alheia.
    Já participei de algumas invasões também. Mas, de novo, jamais passaria pela minha imaginação invadir um espaço que é usado por outras PESSOAS que se organizam para tentar descobrir juntas outras maneiras de fazer política. Uma invasão é um uso da violência para conseguir fins políticos concretos que não deveria ser banalizada.
    Invadir um espaço como a Nuvem usando a transfobia como arma de guerra suja, é uma das coisas mais desprezáveis, miseráveis e covardes que eu já vi na minha vida. E o fato que essa invasão tenha sido para criar uma puta projeto necessário como é Casa Nem, infelizmente, só acaba prejudicando ao próprio projeto que sempre ficará com a sombra de haver nascido de maneira tão escrota.
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    TIKO
    Não cabe a essa mesma instância política, do ponto de vista jurídico, arbitrar essa questão. Bastava que se posicionasse pra ambas as partes comunicando que as vias judiciais seriam a arena pra essa disputa, que não cabe ao partido decidir sobre dívida (ainda que ela exista, de fato) de nenhum de seus filiados, ainda que a outro filiado. Mas parece que resolveu deixar de lado o enfrentamento político e acatar à chantagem transfóbica. E isso eu acho muito, muito grave.
    Não cabe sugestão alguma ou agravamento algum por parte da Executiva Municipal do PSOL Carioca. Não cabe, inclusive, descredenciar o nome e a luta da Indianara em e-mail destinado às duas (Indi e Izabel), informando essa “decisão” e “sugerindo” essas duas opções. Entregar a CasaNem não é e nem será uma opção. Está fora de debate, essa questão.
    Ainda que o PSOL apoiasse de forma material, política ou ideológica (coisa que não faz) a CasaNem, ainda assim, não cabe ao partido pautar sua luta. Cabe sim, à CasaNem e a qualquer movimento social comprometido de fato e de direito, em tese e na prática, pautar a atuação do PSOL. Não podemos e não vamos aceitar essa inversão total de papéis.
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    ISA
    Um partido que se preza na sua defesa da ética, não pode ficar omisso perante as práticas criminosas de uma pessoa que se apresenta publicamente como sua VEREADORA SUPLENTE. É simples.
    Um partido como PSOL não pode ficar omisso perante a destruição de um espaço como a Nuvem, que além do mais, muita da sua militância frequentava.
    Mesmo assim, o PSOL ficou omisso durante tempo demais perante às centenas de alertas vindas de diferentes pessoas e por diferentes meios. Algumas alertas chegaram, inclusive, antes da efetivação da candidatura da Indianara. O Psol fez caso omisso à denuncia com provas documentais que enviamos a vários dos seus deputados e vereadores e à Comissão Nacional de Ética em novembro do ano passado.
    Desta vez, e passado um ano e meio, estamos no nosso direito de exigir que o PSOL tome um posicionamento urgente, claro e contundente. Uma carta dirigida a mim e a Indianara é fumaça. Estamos no nosso direito de exigir que nenhuma atividade relacionada com o PSOL seja realizada na Rua Morais e Vale 23. Estamos no nosso direito de exigir que o PSOL não seja conivente de jeito nenhum com uma situação criminosa e injusta.
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    TIKO
    Ao se prestar a esse desserviço, o Diretório Municipal extrapola completamente suas funções e atribuições legais, regimentares, éticas, morais e políticas. E nos coloca a todes, militantes filiades em uma situação tensa, desconfortável, delicada e muito, muito grave. Pois temos compromisso de honra e transparência não apenas com nossos mais de 6 mil eleitores (é muito chato ter que apelar pra “moeda de troca” que vocês entendem, no linguajar raso, pra ficar evidente), mas também com nosses companheires de luta de várias frentes dos mais variados espectros, que também militamos. E que nos cobram providências imediatas, sob o risco de colocar todo nosso esforço de anos a se perder em comportamentos arbitrários, desproporcionais e covardes de silenciamento, burocratismo e contradição ideológica.
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    ISA
    Recentemente, fui a todos os gabinetes dos deputados e vereadores do PSOL. Falei com quase todos eles, e com vários dos seus assessores. Falei com a executiva. O que ficou muito claro, depois de dezenas de conversas, é que a situação com Indianara é muito tensa, em TODOS os gabinetes.
    Nas minhas conversas, percebi que esse desconforto e tensão com Indianara não vem, unicamente, pelos crimes cometidos contra a Nuvem. São muitas guerras e atritos que Indianara abriu com todo tipo de gente do partido, incluindo pessoas trans.
    Uma das mais graves, e que conto por que acho que ilustra muito bem as táticas de Indianara, é o arrombamento do Espaço Plinio do Gabinete do Renato Cinco no dia 31 de março deste ano.
    Indianara pediu fazer uma festa no Espaço Plinio, que seria, em teoria, para pagar o aluguel da Casa Nem. Lhe falaram que não. Indianara chamou um chaveiro e arrombou a porta. Fez a festa. Segundo me contaram foram quase 1.000 pessoas. Um sucesso. Da grana arrecadada só sabemos que NAO foi usada, ate hoje, para pagar o aluguel da Casa Nem. No dia seguinte, deixaram o espaço feito uma imundice, e ainda tentaram fazer um texto acusando ao gabinete do Cinco de transfobia.
    O gabinete do Renato Cinco até agora guarda silêncio perante este fato gravíssimo.
    O que é importante nesta historia, e por isso que estou divulgando, é porque ilustra muito bem o que aconteceu na nuvem. Um espaço de ativismo político é violentado e o pessoal desse espaço fica em silêncio por que, se reagirem, seriam fortemente atacados com a eterna escusa da transfobia. Sempre é a mesma tática. Usar a violência para provocar uma reação que será usada como transfobia. Ate quando o PSOL, o movimento LGBT, e o próprio movimento trans vai deixar que isso continue acontecendo?
    Por que seguir aturando em silêncio as opressões de quem, por ser pessoa trans, acha que tem carta branca para destruir espaços, projetos, pessoas, reputações? Me da enorme tristeza o esvaziamento absurdo da gravidade do crime de transfobia pelo seu repetido uso banal. É muita irresponsabilidade.
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    TIKO
    Saudades do partido que tensionou pela primeira vez a luta das LGBTs em debate presidencial. Saudades do partido que se quer e se diz o lugar onde “as bi, as gay, as trava e as sapatão se reúnem pra organizar a revolução”. Saudades da época em que acreditamos que ter um candidato LGBT no Congresso seria a glória e a redenção pro movimento. Eu juro que acreditava em tudo isso, até agora. Porque só o que consigo ver, nesse momento, é o partido se mobilizar pra endossar a perseguição a um grupo que já é social e historicamente excluído, marginalizado, expulso e abandonado. Não só pelo Estado, como também pelas suas famílias. E agora, também, pelo partido que acreditavam que iria defendê-las.
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    ISA
    Apoiar a NEM é apoiar que o projeto assuma a responsabilidade pelo espaço que usa, ou que busque um espaço que possa sustentar garantido assim seu futuro.
    Apoiar a transrevolução é denunciar as práticas desonestas de suas lideranças que prejudicam a todo o movimento.
    Mas apoiar a Casa Nem silenciando a maneira escrota como ela nasceu e ela continua existindo hoje, não é apoiar o movimento trans, é apoiar a minimização, relativização e o silenciamento dos crimes cometidos por Indianara para se apropriar (e com isso destruir) um dos poucos espaços autónomos de cultura viva que existiam na cidade.
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    TIKO
    Quando o PSOL precisou de ajuda e apoio, sempre nos colocamos lado a lado. Recebemos de braços abertos não só Marcelo Freixo, mas sua candidata a co-prefeita, Luciana Boiteux. Em 06/02/2017, mais recentemente, marcamos firme posição junto a toda militância convocada pra defender o mandato de Jean Wyllys, no Clube Municipal, na Tijuca. Quando confrontada, em plena campanha pela vereança, se não temia uma disputa desnecessária de votos entre LGBTs e mulheres, Indianara pegou o microfone e disse que não havia concorrência. Que caso fosse eleita, precisaria de Marielle Franco, David Michael Miranda e Tarcísio Motta, todes eleites. Juntes. Sem rivalidade. Apenas coletividade.
    A impressão que nos dá, a essa altura, é que a CasaNem é um ótimo Comitê de Campanha. E só. Oras, não é junto aos movimentos sociais que reside nosso compromisso? Não é nossa tarefa comum vencer as práticas da Velha Política e da lógica eleitoreira, tão endêmicas, tão nossas, e que nos fizeram chegar até esse índice alarmante de rechaço e descrédito à política institucional por parte da imensa maioria da população? Não é isso que faz do PSOL um partido único, necessário, diferente de todas as demais legendas? Lembrem-se disso, de nosso compromisso militante. Das linhas que compõem o Estatuto partidário que nos une.
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    ISA
    Exigimos que o espaço que nos foi roubado, e que ainda está sob a nossa responsabilidade, não seja NUNCA mais usado para atividades que tenham qualquer relação com o PSOL, muito menos como comité de campanha.
    Eu acho que vcs, da tropa de choque, continuam sim encaixotadas nas velhas maneiras de fazer política, usam sua voz amplificada pelas redes para apontar com tom policial a todo aquele que pensa diferente, ou vos atrapalha colocando em questão essas certezas todas que marcam suas linhas de ação.
    Ser radical, hoje e sempre, é ter a imaginação para poder inventar novas maneiras de agir em política. Cada vez estou mais convencida que ser radical no nosso mundo da pós-verdade trumpiana e ter honestidade, e, vocês, que só sabem usar o insulto e não hesitam em deturpar os fatos para conseguir os seus fins, não tem.
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    TIKO
    Não quero acreditar que o PSOL vá se colocar lado a lado com quem humilha, ataca, mente, descredencia e se aproveita de forma covarde e desproporcional de quem faz um trabalho de indiscutível relevância pra nossa sociedade e luta contra machismo, racismo e LGBTfobia todos os dias. E não apenas de dois em dis anos, em cada mudança de pleito.
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    ISA
    Qualquer pessoa que leia o dossier de como foi o golpe na Nuvem, ou que leia o documento com os nossos whatsapps, ou que siga a hastag #liberanuvem pode comprovar quem foi humilhado, atacado e descredenciado nesta historia.
    Na época do golpe fomos massacrados nas redes numa tentativa de legitimar o golpe/invasão para justificar o injustificável. Nós permanecíamos caladas. Quando alguns de nós conseguimos finalmente falar em setembro fomos novamente massacradas.
    Como falei, é só ver o hastag #liberanuvem para comprovar o o baixo nível discursivo de quem precisava cobrir com tópicos, insultos e ridicularizações a falta de argumentos e de fatos objetivos com os quais fazer um debate sério sobre os questionamentos que estavam e estão em jogo.
    A difamação só consegue funcionar com o ocultamento. Ficamos caladas tempo de mais, e vocês se aproveitaram da nossa fragilidade, nosso silêncio auto-imposto e nosso abatimento por ter perdido nosso espaço, para nos atacar e disfarçar o golpe se referindo a ele cinicamente como “liberação de espaço”. Muita vergonha!!!
    Não consigo ainda entender se a fala de vcs, da tropa de choque de Indianara, vem do cinismo ou da ignorância, provavelmente de uma mistura das duas. Mas a questão, e aí está a fraqueza dos seus argumentos, é que as acusações de vcs sempre são sem provas.
    A maior prova do crime tá aí, na que agora é chamada de Casa Nem, nascida de um espaço coletivo gerido por uma assembleia que nunca votou Nem. As difamações e s manipulações dos fatos estão registradas no dossier e no documento de whatsapp. As coações e ameaças de morte estão registradas na denuncia que fizemos, e que o juiz arquivou por não podermos nos apresentar na data requerida. Em breve coloco esse documento no sitio web. Os nossos pertences roubados estão ainda na Nem, e conosco as faturas de compra. Quem quiser verificar como anda o processo dos donos do imóvel contra nós pode entrar em contato que a gente passa o número.
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    TIKO
    Ainda não fui presencialmente ao Diretório solicitar explicações do contexto. Ainda quero ouvir detalhes da Indi e deles. Da Izabel e dos Nuvens eu quero apenas distância. Que peguem o dinheiro que conseguiram arrecadar até hoje com seus golpes e vão gastar bem longe, na Europa, de onde Izabel não devia ter voltado. Porque enquanto ela tava lá, as Nens continuam tentando garantir a viabilidade material da Casa e ampliar sua abrangência. Fizeram isso até hoje sem Izabel e sem nenhum apoio do PSOL, a não ser da militância. E continuarão fazendo, porque a Revolução será transvestigênere também, ou não será. Medo? Não temos, não. Se tivermos que pedir desfiliação ou amargar uma desfiliação compulsória, mesmo que por infidelidade programática, que assim seja. Continuaremos fazendo o mesmo que fizemos até hoje. Permanecer do lado da LUTA e da RESISTÊNCIA.
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    ISA
    Depois nos conte como foi seu passagem pelos gabinetes.
    Que dinheiro conseguimos arrecadar com que golpes?!? kkkk. Fiquei curiosa.
    É obvio que não são vcs os que tem medo. É fato que há medo da Indianara e de vcs da tropa de choque. É fato que esse medo existe inclusive dentro do PSOL e em parte do movimento LGBT. É fato que as pessoas não conseguem se expressar livremente por medo à que Indianara “pega duro” e a certeza de serem escrachadas e chamadas de transfóbicas caso ousarem duvidar ou questionar alguma coisa. Muitas das pessoas que frequentaram a Nuvem, e que gostariam de se pronunciar, ainda hoje, ficam caladas. Algumas porque nem conseguem falar, outras para se preservarem e poderem transitar mais livremente pelos espaços físicos, festivos, acadêmicos que compartilham com quem achavam que eram seus pares. No micromundo das redes da turma da lacração domina o discurso único dos ódios porque só quem concorda ousa dar sua opinião.
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    TIKO
    A margem já é nosso lugar comum. Nossa casa. Onde encontramos afeto, apoio e solidariedade. Lembramos todo dia quem somos e de onde viemos. Novidade alguma esse tratamento de cidadania secundária, ou seu reforço. Estamos acostumades, já.
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    ISA
    Na Casa Nuvem nós e outras muitas pessoas também encontrávamos afeto, apoio e solidariedade. Incluindo Indianara, que foi parceira durante mais de um ano e meio ate que, o desejo de ficar com o nosso espaço, bateu mais forte. Para alguns de nós ficou a dúvida se ela teria se “infiltrado” para depois tomar o espaço. Eu não acho. Eu acho que a forte relação afetiva com o espaço, sua localização, sua estrutura, sua potência foram uma grande tentação no momento que o Prepara estava ficando cada vez mais forte e ela quis ter um espaço próprio onde, além do mais, poder articular sua candidatura. Só que em vez de procurar um espaço, tentou criar racha. Não conseguiu. Invadiu. Essa é a minha leitura.
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    TIKO
    Das ruas e da CasaNem não saímos. Ninguém nos tira. E nem o PSOL.
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    ISA
    Da Casa Nem da Rua Morais e vale 18 vcs terão que sair mais cedo ou mais tarde, pois em algum momento será efetivada a ordem de despejo pois NADA fizeram ate hoje para evita-la.
    E sabemos que nada foi feito para evitar o despejo porque Indianara de fato QUER que haja despejo. Se não fosse assim, e como já falei anteriormente, vcs teriam se mobilizado para encontrar soluções e garantir a sustentabilidade da casa e das pessoas que lá habitam. Vcs teriam se comunicado conosco e com a imobiliária.
    Indianara quer o despejo, um despejo que será violentamente dramatizado, mesmo que vidas sejam postas em perigo, e será convenientemente usado para acusar de transfobia à Nuvem, ao PSOL e a quem mais seja do seu interesse acusar. NO despejo, as pessoas que moram lá serão, novamente, usadas como escudo humano.
    Só que acho que nem Indianra ainda não percebeu que o filme dela já está gastado demais. Que já sabemos o roteiro. E que, quando o momento do despejo chegar, as pessoas já estarão sabendo que os únicos responsáveis de que as pessoas que estão na casa voltem para as ruas são ela e sua turma que NADA fizeram para se articular e garantir a sustentabilidade e o futuro da casa e das pessoas que lá habitam.
    #CasaNemCasaREsponsavelPeloEspaçoQueUsa
    #CasaNemCasaVIVAemOutroLugar!!!
    #liberanuvem
    beijos.
    https://isabelzarzuela.wixsite.com/dossiergolpenuvem

  3. Diego Fernandes says:

    Cara você ta maluco, ao invés de buscar outra casa pra fazer um projeto etico que paga o proprio aluguel como tantos abrigos trans, voce quer mesmo morar sem pagar aluguel pra uma casa que é de uma família, ja nao basta esses anos de aluguel pra pagar no c* de nao sabemos quem vai pagar ate agora? Você ta passando vergonha, começa a procurar outra casa e uma forma de pagar aluguel porque essa aí ta zicada, não é predio do governo, nem o governo vai desapropriar uma casa pra ser abrigo trans da forma com a Indianara talvez esperasse, ou espere, mas a briga chega a ser engraçada, vocês realmente querem ocupar uma casa que não é de um banco, nem do Estado… uma militância esquizo, custa tanto assim fazer as coisas certas e alugar uma casa no nome de voces, voces ja usaram por muito tempo o nome dos outros, o projeto casa nem nem se compara com casa24 em Sao Paulo, um projeto mesmo, ético, sustentavel, articulado… a casa nem nao tem estruturas de pensar a propria sustentabilidade, ela nasce da sobrevivencia pra uma eterna sobrevivencia, cara assim nao dura muito tempo, tem que se profissionalizar e pagar aluguel direitinho

  4. Cara você ta maluco, ao invés de buscar outra casa pra fazer um projeto etico que paga o proprio aluguel como tantos abrigos trans, voce quer mesmo morar sem pagar aluguel pra uma casa que é de uma família, ja nao basta esses anos de aluguel pra pagar no c* de nao sabemos quem vai pagar ate agora? Você ta passando vergonha, começa a procurar outra casa e uma forma de pagar aluguel porque essa aí ta zicada, não é predio do governo, nem o governo vai desapropriar uma casa pra ser abrigo trans da forma com a Indianara talvez esperasse, ou espere, mas a briga chega a ser engraçada, vocês realmente querem ocupar uma casa que não é de um banco, nem do Estado… uma militância esquizo, custa tanto assim fazer as coisas certas e alugar uma casa no nome de voces, voces ja usaram por muito tempo o nome dos outros, o projeto casa nem nem se compara com casa24 em Sao Paulo, um projeto mesmo, ético, sustentavel, articulado… a casa nem nao tem estruturas de pensar a propria sustentabilidade, ela nasce da sobrevivencia pra uma eterna sobrevivencia, cara assim nao dura muito tempo, tem que se profissionalizar e pagar aluguel direitinho, quanto ressentimento só pra não pagar aluguel

  5. hola Amiel,

    sou isabel , autora do texto de resposta a esta denuncia que vcs ão estão aprovando. Sou LGBT. Já trabalnei como traductra para Transrespect versus transfobi durante dois anos. E fui parte muit ativa dos inicios do transfeminismo na España nos inicios dos anos dois mil. Já colaborei com Beto P Preciado e outrs pessoas trans. O noss espaço Nuvem era LGBT. vc tem toda a socumentacão sobre o caso https://isabelzarzuela.wixsite.com/dossiergolpenuvem.

    Espero que vc respeite o nosso direito de defesa. O debate sobre as questões que estão em jogo é importante. O texto é respeitoso e espero ue vc nao o censure. Espero não ter que recorrer a transadvocate EEUU e a outras instancias internacionais. A nossa situação é gravissima. O espaço que a Nem ocupa ér um espaço que está alugado por nos ainda. Durante um ano e mei tentamos de todo jeito que a Nem assumisse o contrto e os pagamentos. Fomos engananadas. Ainda hoje, a responsbiidade de todo o que vier acontecer lá e todas as dividas que a nem gera por nao pagar aluguei e contas estõa no nosso nome. Os donos do imovel entraram com ação judicial para recuperar essa grana. Em poucos meses a divida passara de 100.000 reais. Os dois meninos que assinaram o contrato em nomeda nuvem são duas pessoas novas, sem nenhuma propriedade, com trahbalhos mal remunerados e que, com todo o miundo, luta por chegar fim de mes. A dívida esta agora em 57.000 reais e indianra já fal que nao vai pagar nada e nem os proximos alugueis. Só queremos que assumam a responsabildiade do espaço que usam. nao quremos recuperar a casa. O nosso projeto já era. por favor considere o nosos direito de resosta. toda a info aqui. https://isabelzarzuela.wixsite.com/dossiergolpenuvem

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